Quando ela ligava para Cezar, a mãe dele, Dona Inês, atendia e dizia: - Sophia querida, Cezar não pode atender no momento, está no banho. Na hora de sair, era outro problema. Cezar precisava sair de casa limpo, e por isso, sua namorada tinha que o esperar sentada, até que ele se banhasse outra vez. A obsessão por limpeza era tanta, que Sophia chegou a desconfiar de Cezar, mas lembrou-se que ele era um namorado muito ‘homem’ fora do chuveiro.
Sophia não aguentava esperar, mas amava tanto Cezar – e odiava tanto brigar – que passou a procurar maneiras de não se irritar, ou procurar coisas onde ela pudesse descontar sua raiva. Quando pensava em roer unhas, lembrava-se de que iria estragá-las.
Quando ligava TV, descobria o quanto era chata a programação. Se comesse, iria engordar, se chegasse mais tarde na casa de Cezar, ele demoraria mais. Ela precisava fiscalizar a demora do namorado e não se irritar. De uma hora pra outra, começou a perceber que estava fazendo algo estranho. Ás vezes Dona Inês ou Seu Bruno – pai de Cezar – a olhavam de forma esquisita. Nem ela sabia direito porque, mas, tinha adquirido um vício tão estranho quanto o de seu amado:
Sophia comia seu próprio cabelo.