quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Acordei, lavei o rosto, tomei café, saí na rua. Fiz tudo isso hoje pela manhã, como faço todos os dias. Mas, hoje estava tudo em silêncio.Eu não ouvi direito o despertador, não me incomodei com o barulho dos carros. Cheguei no escritório e dei um bom dia moribundo pros colegas. Sentei na minha mesa e comecei a trabalhar tal qual um robô, sem reclamar, sem sentir. Nem preguiça, nem vontade.

As notícias dos jornais não me interessaram e por isso, mal li. Na realidade eu não queria saber o que eu sabia. Queria esquecer os comentários que ouvi. É normal: às vezes a verdade é dura e fazemos de tudo para não encara-la, melhor é fugir. A verdade doída é uma só: o Grêmio não vai sair campeão, ao contrário do que a torcida cantou durante todo o campeonato. Logo ela, a torcida, que tanto mercecia que o canto se tornasse realidade.

Nem sei a quem culpar. Ontem voltando da faculdade, ouvindo tudo no rádio não deu pra saber exatamente o que aconteceu. As mudanças do técnico não resultaram em nada, e com 15 segundos de jogo estávamos tomando um a zero. Culpa exclusiva de Celso Roth, o odiado? Culpa dos jogadores, que na minha visão de torcedor apaixonado deveriam ter cortado uma perna fora caso fosse necessário, pra vencer a partida? Difícil... acho que caímos na real. Já dizem por aí, que nem no G-4 ficaremos, e quem duvida?Se isso acontecer, eu vou ficar surdo de novo, trabalhar como um robô e esquecer que tivemos tudo nas mãos e perdemos. Pra nós mesmos...



Ps: Não é de costume falar de futebol por aqui. Nem se tornará.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

eu, quando caminhei ontem fiquei lembrando.
sabe aquelas coisas que não te saem da cabeça?
Pois é isso que não esqueço.

eu ontem conversei, e que boa conversa.
Algumas coisas que mudam nossas vidas.
Pois talvez seja isso que tenha mudado.

ontem, eu lembrei de ti o dia todo.
Sabe quando tudo volta ao teu pensamento?
Foi daquilo tudo que eu lembrei.

Que saudade me deu de ti, que saudade...

De nada me adianta o ontem, é verdade.
mas eu o uso de aprendizado.
Pena ter sido tarde.

Mas amanhã eu vou caminhar de novo,
sabe quando tu faz planos?
Pois é isso que faço.

Talvez não converse, ou talvez tu apareça do nada.
Sabe quando tu fica querendo encontrar?
Pois é isso que eu faço.

Mesmo que tu não apareça.

Que saudade que me deu de ti, que saudade...

domingo, 5 de outubro de 2008

Virlys. E eu.

Todo mundo gosta de se desviar da realidade de alguma forma. Todos gostam de sonhar. Eu sonho, sonhei e certamente vou continuar sonhando. Mas desde cedo eu tive um desvio de realidade com algo comum as crianças: o amigo imaginário. Mas diferente dos amigos imaginários normais, o meu amigo imaginário me fazia desviar dos amigos de verdade, pra ser o que eles não eram. O meu amigo era o VIRLYS. Virlys era um cara mais velho, tinha vários carros e era muito rico. Ele pensava igual a mim, concordava com tudo que eu dizia e me fazia sentir importante. Se ninguém me dava bola, azar, o Virlys tava lá. Passei anos na companhia dele, e assim pensava: se não gostam do que eu faço, dane-se! Tenho o Virlys.
Quando passei de fase e me tornei adolescente larguei o coitado. Amigo imaginário era coisa de criança. Mas algo inconscientemente teria que substituir o efeito que o Virlys me proporcionava, uma falsa paz de achar que, aqui no meu mundo o que importa sou eu, e que um dia vai ficar tudo certo. O novo amigo era diferente. Era a síndrome do Rockstar. Montei uma banda de rock porque gostava de tocar é claro, mas ela era mais do que isso. Foi em seu início uma tentativa de que se eu ficasse famoso, tudo daria certo. Sempre pensei que quando eu ficasse conhecido e rico, eu é que estamparia as páginas das colunas sociais do Jornal de Gramado. E de novo, se nada der certo, dane-se! A fama me espera. Ainda bem que com o tempo eu fui crescendo, pra perceber que a banda tinha um significado muito mais importante. Eu fazia amigos, conhecia pessoas importantes e especiais e descobri que página social do Jornal de Gramado não é parâmetro pra sucesso nenhum, às vezes bem pelo contrário. Depois disso, vieram outros planos e coisas que acontecem na vida que me fizeram deixar a banda. Não sinto falta dela, sinto que fui até onde o sonho pôde ir antes de se tornar decepção. Mas há algo em comum entre Virlys e banda. Os dois tiveram – embora a banda não em todo tempo – uma característica de me fazer pensar num mundo que não existe, mas não isso simplesmente, fizeram com que eu idealizasse um planetinha só meu onde tudo estava reservado, guardado pra mim. Por isso que às vezes eu me irrito quando falam que ‘o que é meu ninguém tira’ ou ‘o que é teu ta guardado’. E ainda mais quando ‘Deus sabe o que faz’. Quanto tempo a gente se desculpa por coisas e vai achando motivos pra outras sem olhar bem pra ver que somos nós que fazemos as coisas acontecerem? Quantas vezes eu briguei com algum amigo por pensar que o Virlys concordava. Porque eu deixei de tentar fazer outras coisas pra achar que a banda daria certo e eu seria famoso? E aí quantas vezes todo mundo se afunda no ‘abstratismo’ no ‘deusabeoquefazismo’ pra não dizer: puta merda é tudo culpa minha!
Não gosto que venham me falar que tudo vai dar certo. É uma boa maneira de se consolar alguém ou de dar força, mas não é certo que vá dar certo. O que é certo e o que é errado quando tratamos de nós mesmos?
Não sei se alguém mexeu no queijo, nem sei qual é o segredo (talvez por ser segredo) e não conheço nem o monge nem o executivo. Só conheço esses meus textos que falam mil vezes da mesma coisa, só conheço o Virlys e eu.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Talvez eu não saiba a maneira correta de lutar.
A gente sempre acha que vai vencer.

Outubro, ou nada.